RIDÍCULO! É o mínimo que
podemos dizer quando olhamos a foto onde vemos um bando de fotógrafos e
curiosos cercando a solitária praticante de topless. Uma imagem que demonstra que o brasileiro
ainda não consegue lidar de modo natural com a nudez, mesmo que parcial, fato
já perfeitamente assimilado em outras culturas, compondo suas paisagens
cotidianas.
Esta imagem me faz
lembrar outra, bastante difundida nos livros escolares, quando os portugueses
aqui aportaram pela primeira vez, só que num contexto inverso. Os índios nus,
espantados e cheios de curiosidade, cercando os europeus majestosamente
vestidos. Percebemos, assim, o quanto estamos distantes de nossas origens,
dissociados de nossas raízes. Um simples par de seios provoca uma imensa
marola, capaz de mobilizar dezenas de pessoas, digo homens, ao tempo em que se
constitui num fenômeno midiático.
Interessante à
ambiguidade do brasileiro. A nudez sexualizada, a do carnaval, das revistas e
da globeleza é aceita e admirada. Uma nudez que não causa espanto, ao contrário,
que eleva ao patamar de “celebridade” e “reconhecimento” quem a pratica. Nudez
propositadamente erotizada, e não raro, em busca de ganhos financeiros. Porém,
a mera prática do topless, que em tese deveria ser corriqueiro e sem grande
importância, pode transformar-se em caso polícia. O mais significativo é que
tal situação ocorra em pleno século XXI, na cidade do Rio de Janeiro,
considerada uma das mais liberais, ou talvez a mais liberal, entre as cidades
brasileiras.
Se para o nativo deste
país é difícil entender, pense então como fica nas cabeças dos gringos. O país
da tanga não tem “peito” para encarar o topless! Explique!
O Toplessaço, ou a
tentativa de, mostrou o quanto ridículos e ignorantes ainda somos.
Aracaju/Sergipe