segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Para o Naturismo crescer ainda mais...


Originalmente publicado no Jornal Olho Nu, edição N° 28 – janeiro de 2003

Escrevo esta mensagem motivado pela reflexão que me ocorreu ao ler, na edição 26 do OLHO NU, duas chamadas da FBrN:

- Tire a roupa e VIVA NU!

- Arrisque e tire a roupa. Você só terá a ganhar!

São duas chamadas contundentes e fortes que estimulam a nudez numa sociedade que se nega, em boa parte, em pelo menos discutir o Naturismo (vide Congresso Nacional), ainda que se leve em conta os inegáveis avanços no que se referem à mídia e oficializações dos espaços naturistas.

Ao ler tais chamadas me ocorreu uma questão: quais as condições reais de vivenciar o Naturismo no Brasil ?

Parece-me que não são tão fáceis, em especial para a grande maioria das pessoas que residem afastadas das áreas ou grupos naturistas, bem como para homens desacompanhados.

Apesar de possuir um extenso litoral e de ter sido povoado, na sua origem, por índios que viviam nus, o brasileiro não vê a nudez como algo natural. A nudez, no Brasil, ainda possui uma relação diretamente proporcional com o sexo e o erotismo. Tal cultura se deve a influência determinante da religião que durante séculos ditou o modo de ser e agir dos seus fiéis, em especial no que diz respeito ao comportamento sexual. Deve-se levar em conta também, o peculiar machismo do brasileiro que sempre viu a mulher como objeto de prazer.

A partir dos anos 70, com a abertura política este quadro começa a alterar-se, mesmo que lentamente, possibilitando que soprassem novos ares, e assim idéias, antes inaceitáveis como o nudismo, começam a ganhar espaço, notadamente nos centros com maior intercâmbio com a Europa. Com o advento da internet o naturismo brasileiro ganha novo fôlego, fortificando o movimento.

Mesmo tendo um cenário mais favorável, o naturismo ainda não possui o reconhecimento social, o que gera situações do tipo das ocorridas no Rio de Janeiro e Tambaba (tentativa recente de redução da área naturista) entre outras, obrigando o movimento naturista a um constante embate para afirmação dos seus princípios, como também a adotar uma atitude de maior reserva em relação aos pretendentes ao convívio naturista.

Para não me alongar muito e sem querer ensinar o pai-nosso ao vigário, encerro defendendo duas teses que acredito serem significativas para o crescimento do naturismo no país, juntamente com as demais políticas adotadas pelo movimento:

1) Incentivar a maior participação das mulheres no Movimento

Entendo que a participação feminina é da maior importância, considerando que a adesão de uma pessoa do sexo feminino, GERALMENTE, ocorre agregada com a adesão de outras pessoas (maridos, namorados, irmãos etc.), o que NORMALMENTE não acontece com os homens, que GERALMENTE aderem isoladamente. Acho ainda, que a medida em aumentar a confiança das mulheres a possibilidade de fortalecimento do movimento é maior.

2) Necessidade de maior reflexão e estudos sobre o naturismo

Vejo a necessidade de consolidar um pensamento naturista brasileiro, pois são poucos os trabalhos científicos voltados para o naturismo. A importância de se pensar o Naturismo se dá pela necessidade de sua fundamentação, para fugir do velho bordão de que se é naturista pela “sensação de liberdade”. Temos que pensá-lo do ponto de vista da Psicologia, Filosofia, Antropologia, Sociologia, Economia etc, de modo a firmá-lo com segurança na sociedade sem correr os riscos de retrocessos, como temos visto atualmente, pela incompreensão da sociedade.

Saudações naturistas.